A Câmara dos Deputados realizou sessão solene, nesta quarta-feira (20), para homenagear os 100 anos do ex-presidente João Belchior Marques Goulart, o Jango, deposto por um golpe civil-militar em abril de 1964.
O deputado Pompeo de Mattos (PDT-RS), um dos autores do requerimento para a realização da solenidade, salientou a trajetória política de Jango, além de relembrar a luta pela democracia, a busca por reformas e independência do político nas relações exteriores. “Como presidente, as relações internacionais se deram de forma altaneira e pujante. Jamais Jango se ajoelhou para os países estrangeiros”. Ele acrescentou que o legado de João Goulart influencia o pensamento da esquerda até hoje. Pompeo informou que pretende atribuir a João Goulart o título de “Herói da Pátria”. O parlamentar mencionou projeto de sua autoria (PL 1906/15) que atualmente aguarda designação de relator na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania, para a inclusão de Jango no Livro dos Heróis da Pátria.
Em 1955, Jango foi eleito vice-presidente do Brasil. Na eleição seguinte, em 1960, foi novamente eleito vice-presidente, concorrendo pela chapa de oposição ao candidato Jânio Quadros, o vassourinha, que prometia varrer a corrupção do governo. Jango ficou no cargo por apenas um ano, quando assumiu o posto de presidente após a renúncia de Jânio Quadros. Entre outras mudanças, João Goulart tentou implementar uma reforma agrária no país. A oposição classificou tanto a reforma quanto o presidente como comunistas, e exigiu um novo regime. Enfraquecido politicamente, Jango foi deposto em 1964, com o Golpe Militar.
Neto de Jango, Cristhopher Goulart (suplente de senador pelo PDT do Rio Grande do Sul) reconheceu a relevância do resgaste da memória de seu avô: “Nesses 100 anos, o que nós temos aqui é a capacidade de reflexão e justamente reavaliarmos as nossas posições e apontarmos para os ensinamentos do presidente João Goulart, que são as reformas de base, estas sim um indicativo de futuro, de libertação desse País”, declarou.
Jango também foi ministro do Trabalho no governo de Getúlio Vargas, e ficou conhecido pelos ajustes que fez no salário mínimo, como destacou o deputado Pompeo de Mattos. “Ele tornou o salário mínimo um salário decente. Um salário onde o cidadão tinha dignidade, podia viver com o salário, pagar a sua habitação, ter a comida, o estudo dos filhos, a luz, a água. Enfim, naquela época foi algo inusitado, um aumento de 100% do salário mínimo como o Jango fez como ministro do Trabalho do presidente Getúlio Vargas.”
Afonso Motta lembrou do período em que Jango viveu no exílio, na solidão, mas com uma missão maior pelo trabalhismo. ” As dificuldades foram muitas, mas na solidão ele lutou por um bem maior, levou ele a lutar pelo povo, pelos trabalhadores, pelos mais oprimidos, porque essa era sua missão. Estamos aqui para homenagear Jango, sua história e seu legado”
O pedetista lembrou ainda das Reformas de Base propostas por Jango, que não foram implementadas na época, mas moldaram o Estado brasileiro depois da redemocratização, porque inspiraram a Constituição de 1988. Jango faleceu em 6 de dezembro de 1976, na Argentina, sem retornar ao Brasil.
Ascom Lid./PDT