No momento em que passamos por uma crise política, das instituições de poder e de ações políticas despropositadas é que precisamos fortalecer nossas causas e as nossas propostas partidárias. O PDT perdeu espaços nos últimos anos, fruto da despolitização e do debate interno.
Temos um partido inerte à questão do debate político e à formulação de posições ideológicas, de escolhas e opções. Também de intervenção nas questões locais, políticas ou administrativas do Estado.
Hoje, aqui no Rio Grande, atuando no Poder Legislativo, deixamos de ser coadjuvantes de outras forças políticas e, ao assumir a oposição ao governo estadual, em que pese alguns recuos de nossa bancada, passamos a protagonistas das causas populares.
Nosso partido, que outrora foi uma força política na capital e na região metropolitana, ao perder os espaços nas lutas populares, perde, também, seus espaços políticos. Consequentemente, isso repercute no interior do Estado.
É urgente o recrudescimento de nossa força política comprometida com as causas do povo que mais precisa, indiferente de outras posições que se infiltraram no seio partidário e que defendem causas estranhas a nossa origem e nosso destino enquanto partido político, naquilo que Brizola dizia: “nascemos e existimos como partido político para mudar o Brasil”.
O momento é propício ao crescimento partidário, a adquirir respeito e credibilidade junto à sociedade organizada. Na crise política, o papel partidário deve se apresentar com propostas concretas e posição política definida. É dada a hora de recuperarmos espaços perdidos nas lutas sociais.
O governo estadual atua em desconformidade com as propostas históricas do trabalhismo. Age no sentido de destruir a inteligência estatal, extrai direitos dos servidores públicos, extingue fundações de pesquisas e de saúde, além de tentar privatizar empresas públicas que são necessárias ao próprio crescimento do Rio Grande do Sul.
No campo da luta pela implantação de um projeto de educação pública, democrática e popular, como a Escola de Tempo Integral, vai na contramão, fecha escolas em centros urbanos, aglutina outras no interior do Estado, afastando os alunos do meio em que vivem. Pratica a multisseriação, o enturmamento e ataca a educação de frente, ao desvalorizar os professores.
O PDT tem um lado e não pode conviver com os recuos ideológicos representados por uma ou outra manifestação desproposital, que na falta do debate maduro e ideológico, confunde a militância e nos senta à mesa dos que exploram o Povo do Brasil.
Não podemos aceitar, em nosso meio, que posições neoliberais e em defesa do capital especulativo, de entrega do nosso patrimônio, e das visões destorcidas de Brizola, conviva entre o seio de nossa militância.
Agora, me deparei com um artigo publicado na página do PDT gaúcho, na internet, em que o articulista defende que Leonel Brizola, ao apoiar no passado a candidatura de um governador que privatizou empresas, estaria ao lado das posições do governo Sartori.
O mesmo autor, justificando oposição aos salários, defende a venda da CEEE – Companhia Estadual de Energia Elétrica e vai mais longe: afirma que concordaria, pois se desfaz de paradigmas do passado para construir um novo rumo!
Além de desproposital, o escrito é fraudulento e atenta, violentamente, contra nossa história e as ações e posições de Leonel de Moura Brizola.
É desproposital porque afronta as posições de sempre do nosso partido. Um militante, que se propõe ser trabalhista, ao se utilizar de argumentos pífios e da situação de deficit para vender nossa matriz energética, não é um trabalhista. Por certo, está mais próximo aos entreguistas do patrimônio dos gaúchos.
Desconhecer a necessidade do Estado de manter, em suas mãos, as condições de energia para o crescimento, inclusive, do setor privado, é desconhecer a visão de Estado do próprio PDT.
Aceitar a tese de grandes salários e da situação administrativa momentânea, que se origina na “administração e/ou gestão temerária”, quando o governo, com a intenção de vender seus ativos, atua com o propósito da desvalorização, para, então, entregar o patrimônio a seus aliados e detentores do capital especulativo.
É fraudulento porque aventa a possibilidade de que Brizola seria favorável à venda de nosso patrimônio e de aceite das condições da negociação da dívida com a União, tentada por Sartori e projeto de Temer e Meirelles.
A nenhum de nós é permitido dizer o que Brizola faria depois de sua ausência, mas vender a tese de revisão Brizolista, negando suas ações e pregações, é negar Brizola. É negar todos os Brizolistas!
Defendo a discussão interna, prego o debate de nossas ideias e não ao aceite de teses que não integram nosso viver partidário. Não podemos aceitar que um artigo, simplesmente, por ser de autoria de um militante, seja jogado nas redes sociais como fala oficial do PDT.
Longe de mim propor qualquer tipo de censura, muito menos de controle nos escritos e teses de nossa militância. O que trago à tona é uma manifestação em nome de nosso partido, que soa como se fosse ou pudesse se tornar escrito oficial.
O que me atinge é o conteúdo de tais escritos. Não podemos aceitar teses distantes de nós serem publicadas e/ou republicadas pelo nosso próprio partido, a partir do momento em que divulga posições contrárias ao nosso estatuto e história do nosso PDT.
Em respeito à nossa história, tradição e legado, às ações e pregações de Leonel de Moura Brizola e a todos os trabalhistas e brizolistas é que dirijo a presente manifestação aos presidentes do partido, secções nacional e estadual.
Por um PDT Brizolista!
Juliana Brizola
Militante e deputada estadual