Diante da profunda crise que paralisa o Estado, o pré-candidato do PDT ao governo, Jairo Jorge, está defendendo nas reuniões regionais da legenda o caminho da independência política para a construção da candidatura. Ele acredita que o legado de Brizola e Collares no Piratini oferece o exemplo de inovação para superar obstáculos e construir a medida exata da presença que o Estado deve ter na sociedade atual. Mas é preciso pacificar o Rio Grande do Sul, “chega de disputa, chega de ximangos e maragatos, é momento de união e pacificação”, afirmou na noite de quinta-feira (6), em Portão, durante reunião da Coordenadoria do Vale do Caí.
Foi o 12º encontro dos 37 previstos até julho pela direção partidária, para debater com as coordenadorias regionais a conjuntura política nacional e estadual, e a construção da candidatura própria da legenda ao governo do Estado, em alinhamento com a candidatura de Ciro Gomes à presidência da República. A presença do partido no governo Sartori também esteve no debate político, uma vez que na próxima segunda-feira, às 19h, em Porto Alegre, o presidente estadual, Pompeo de Mattos, conduz reunião do Diretório Estadual para decidir sobre esse tema. A opção do PMDB em privatizar e desmontar a estrutura do Estado vendendo empresas públicas construídas pelos governos trabalhistas, como é o caso da CEEE, na área de energia, e do Banrisul, no sistema financeiro, aumentou a distância do PDT do atual governo. As duas indicações do governador para as pastas dedicadas à legenda, Educação e Obras, estão com interinos uma vez que os titulares já se afastaram das funções. Mas o partido ocupa outros cargos no governo.
História e dignidade
O ex-prefeito de Canoas disse aos trabalhistas que a sua opção partidária está vinculada à vertente histórica do partido – Júlio de Castilhos, Borges de Medeiros, Assis Brasil, Getúlio Vargas, Alberto Pasqualini, João Goulart e Leonel Brizola - “a história do Rio Grande corre nas veias do trabalhismo”, somada ao compromisso com a educação. O vínculo com os trabalhadores e o projeto definido do partido de centro-esquerda surge como esperança do país “neste momento de maior crise da esquerda”, afirmou. Creditou o crescimento do PDT na eleição municipal à coerência, “diferente de outros partidos que ficam até o último momento (no governo) e apresentam candidaturas de oposição”, referindo-se ao contexto político da eleição em Porto Alegre e das composições eleitorais formadas com partidos da base do governo municipal. “Partidos que ficaram até o final e hoje atacam o legado de Fortunati”, observou. Defendeu a dignidade do PDT nas alianças, “diferente desses partidos”, como no governo Tarso Genro, quando a candidatura de Vieira da Cunha ao governo determinou a saída da coalizão. “Não ficamos até o ultimo dia no cargo, tivemos dignidade e apresentamos nossa carta de demissão”, recomendando aos partidários que as virtudes do partido não se transformem em defeito, “diferente do fisiologismo e pragmatismo de outros partidos que transformam isso em qualidade”.
Pré-candidato ao governo do Estado, Jairo Jorge está cumprindo uma agenda de visitas aos municípios. Ele está convencido que 2018 será o ano do PDT tanto no plano nacional quanto estadual. Ciro Gomes tem experiência, iniciativa e competência para governar o país. Da mesma forma defendeu a candidatura de José Fortunati ao Senado Federal. Mas a construção das candidaturas passa pelo caminho da independência, “não podemos ser satélite do PT, PMDB e PSDB, temos que ter caminho próprio e acreditar em nossa força”, mostrando a presença do PDT em 327 cidades – “em cada três cidades, em duas temos vereadores e vereadoras” – 160 prefeitos e vice-prefeitos que administram 140 cidades, “são mais de 2,1 milhões de gaúchos sendo administrados pelo PDT”. A sigla tem quase 700 vereadores e está organizada em 467 dos 497 municípios, e registra 258 mil filiados.
Coragem e inovação
A capacidade inovadora de Leonel Brizola na década de 60, quando moldou a infraestrutura do Estado e retirou os gaúchos do analfabetismo, serve de exemplo para Jairo Jorge porque “este é o momento da inovação e coragem”. Ele disse que é preciso deixar de lamúrias e lamentações, “temos que liderar o Rio Grande para sair da crise, dizer ao povo que existem soluções, não conservadoras, mas inovadoras”. Para o ex-prefeito de Canoas, a crise não está na sociedade, “o povo é trabalhador, a crise está no Estado que não está a serviço do cidadão, que não é marcado pela eficiência”. O PDT precisa dizer o Estado que quer. Lembrou que Getúlio Vargas, eleito governador do Estado em 1927, no ano seguinte criou o Banco do Estado do Rio Grande do Sul para apoiar os agricultores e empresários, iniciativa que na crise mundial de 29 assegurou solidez ao Rio Grande do Sul. “O Estado estava forte economicamente, diferente dos paulistas e mineiros”, afirmou. Inovador, Vargas liderou a Revolução de 30 e construiu o estado brasileiro.
“Chega de ximango e maragato, chega de disputa, o momento é de união e pacificação do Estado”, disse ele, recapitulando a experiência de Alceu Collares, “foi uma ilha de prosperidade”, quando o PIB aumentou 24%, foram feitas 7 mil obras, 75 CIEPs, 2.800 escolas reformadas e a construção de 978 quilômetros de asfalto.
Candidaturas antecipadas
Os encontros, definiu Pompeo, estão avaliando o desempenho eleitoral do PDT na eleição municipal, a participação no governo Sartori, e temas nacionais, como as mudanças na lei eleitoral e a reforma da previdência. Ele também anunciou o calendário das convenções municipais, que acontecem até o final de maio. As eleições das coordenadorias regionais serão realizadas em julho e os meses de agosto e setembro serão dedicados à escolha dos candidatos ao governo do Estado e Senado Federal, antecipou o presidente. “Vamos definir nossos candidatos um ano antes da eleição”, avisou Pompeo de Mattos.
O deputado federal Afonso Motta fez um relato dos debates na Câmara Federal e a posição do partido, que fechou questão contra as reformas da previdência e trabalhista. Também tratou dos desdobramentos do projeto de renegociação da dívida do Estado com a União. Defendeu a candidatura própria como referência para definir a posição sobre a permanência no governo Sartori.
Para o ex-prefeito José Fortunati, pré-candidato ao Senado, é preciso democratizar o debate das teses trabalhistas. Disse que durante sua gestão em Porto Alegre implantou 100% das escolas de tempo integral no município, da mesma forma que em 2005, na gestão como secretário da Educação, foi o período que o IDEB alcançou o maior registro. Mas as propostas do PDT devem ultrapassar as escolas, oferecendo o perfil do Estado que o partido preconiza.
A vice-presidente nacional do PDT e presidente da AMT, Miguelina Vecchio, destacou a dinâmica interna do partido nos atos de punição aos deputados que descumpriram o voto em favor da ex-presidente Dilma Rousseff, ressaltando a importância da democracia interna. O presidente da Juventude Socialista, João Cella, falou das ações para a formação política de jovens e a necessidade de assegurar condições para a militância juvenil nos municípios.
Participaram da reunião os ex-deputados Vinícus Ribeiro e Kalil Sehbe; o suplente de senador, Christopher Goulart; o suplente de deputado federal Flavio Zacher; vereadores e vice-prefeitos da região, que reúne 12 municípios. Lá estiveram representações dos deputados estaduais Eduardo Loureiro, Juliana Brizola, Gerson Burmann, Gilmar Sossella e Enio Bacci. Portão é governado pelo prefeito José Renato das Chagas, do PDT.
Jornalista Francis Maia - Reg. Prof. 5.130
Imprensa PDT