Há 37 anos, Brizola, chorando, rasgava uma folha de papel em rede nacional de televisão. Nela havia três letras escritas à caneta – PTB. A cena foi retratada por Carlos Drumond de Andrade desta forma: “Vi um homem rasgar o papel em que estavam escritas as três letras que ele tanto amava. Como já vi amantes rasgarem retratos de suas amadas na impossibilidade de rasgarem as próprias amadas”. O trabalhismo se reinventava. Nascia o PDT – Partido Democrático Trabalhista, em 26 de junho de 1980.
Hoje, comemorando 37 anos de existência, o PDT pode dizer que tem mais tempo de história do que de vida. Efetivado em 1980, o embrião do partido remonta um período em que o Brasil deixava de ser rural e transformava-se em industrial pelas mãos de Getúlio Vargas e da revolução de 1930. A mudança pedia ainda mais atenção aos trabalhadores do país.
Reestruturadas as instituições republicanas, surge o PTB (Partido Trabalhista Brasileiro), idealizado pelo próprio Vargas e composto por nomes como João Goulart e Leonel Brizola. Daí em diante, os trabalhistas lutaram e conquistaram direitos, como salário mínimo, descanso remunerado, limite de jornada de trabalho e tantos outros. E chegaram ao poder em 1961 com Jango e a busca por justiça social. Três anos depois, os militares, com apoio da elite brasileira, encerram o progresso nacional em curso desde a Era Vargas.
De 1964 a 1979, o movimento político brasileiro foi mantido amordaçado, quando não espancado ou assassinado. Jango morreu no exílio; Brizola passou 15 anos nele, mas pôde voltar e reaver o trabalhismo. Inicialmente, tentou recompor o PTB com a edição da Carta de Lisboa – documento escrito depois de um encontro realizado, com lideranças políticas, na capital portuguesa em setembro de 1979. Quando retornou ao Brasil, enfrentou uma disputa acirrada pela sigla contra o grupo de Ivete Vargas. Perdeu a legenda por uma decisão – arbitrária – do TSE.
Brizola chorou, mas suas lágrimas regaram a nova flor trabalhista que ali nascia, o PDT. De 1980 em diante, o país voltou a sentir o gosto da luta pelo povo humilde. Em 1982, Brizola se elege pela primeira vez Governador do Rio, e, enfim, inaugura o maior programa de educação que o país já experimentou: os Cieps. Foram 517 em todo Estado, que chegaram a abrigar mais de 500 mil crianças diariamente, em tempo integral. O sucessor de Brizola, Moreira Franco, fez questão de fechar todos, no primeiro dia de seu governo.
Hoje o país vive uma crise que não vislumbra fim. As reformas trabalhista e previdenciária estão sendo empurradas goela abaixo do povo brasileiro por um governo ilegítimo, tal qual o de 1964. Novamente, a população assiste a usurpação de direitos que, assim como outros progressistas, o PDT lutou para assegurar e briga para manter.
Após 37 anos acreditando e trabalhando por um Brasil mais justo, igualitário e democrático, o PDT chega a atualidade com uma missão: levar o povo ao Planalto por meio da representação trabalhista na presidência da República. E chegou (até passou) a hora do povo voltar a ser representado legitimamente.
O PDT não quer o Exército nas ruas, nem a violência indiscriminada contra a população, como tem feito o atual governo Temer para permanecer à frente da nação na marra. Também não aceita ver o peso do trabalho nos ombros do povo enquanto os lucros abastecem banqueiros, empresário e corruptos que não conhecem o suor que escorre no rosto de quem produz. O que o trabalhismo deseja, e sempre desejou, é ver riqueza repartida, educação, saúde e segurança para todos; um Brasil construído e usufruído pelos brasileiros.
Este texto poderia continuar narrando a história e os anseios do Partido Democrático Trabalhista em seu 37° aniversário. Seriam mais algumas linhas e parágrafos construídos com afinco, sem dúvida. Mas nem toda dedicação do mundo traduziria o sentimento pedetista ante o relato daqueles que fazem diariamente o PDT.