A pré-convenção que o PDT realiza nesta quinta-feira irá consolidar o nome de Jairo Jorge com o pré-candidato da sigla ao governo do Estado, hipótese discutida desde que o ex-prefeito de Canoas trocou o PT pela legenda, em dezembro de 2016. O pedetista admite que sua oficialização, um ano antes das eleições, facilita a imediata busca de alianças no espectro de centro e centro-esquerda. "Queremos fazer uma aliança com o PSB. Vejo Beto Albuquerque como um dos grandes nomes para o Senado." Segundo Jairo, o partido também quer conversar com siglas como o PR, PCdoB, PRB, SD e PPS, salientando que "o povo cansou dessa polarização" representada pela alternância entre PMDB e PT no Rio Grande do Sul.
Sobre o governo de José Ivo Sartori (PMDB), Jairo avaliou que "foram tardias as mudanças que ele desenhou". Apesar de concordar com a reestruturação, para Jairo, o Estado "não entrega educação de qualidade, saúde resolutiva e segurança efetiva. Não é só cortando". Para alcançar esse objetivo, o pedetista diz apostar em investimentos nessas áreas, além de desburocratizar o Estado para a atração de empresas e a realização de Parcerias Público-Privadas (PPPs). Jornal do Comércio - Já existe consenso quanto ao seu nome? Jairo Jorge - Sim. O partido encerrou um processo de inscrição em 28 de agosto. Quem gostaria de ser candidato teve até esse dia para se inscrever. Mas apenas meu nome foi inscrito. A pré-convenção agora homologa, portanto, meu nome como pré-candidato. Há uma tranquilidade dentro do partido, o que só aumenta minha responsabilidade em ser candidato de um partido com essa envergadura.
JC - Dada essa antecipação do seu nome, seria também mais fácil começar a construir alianças? Com quem o PDT teria afinidade?
Jairo - A oficialização, essa escolha um ano antes da eleição nos permite iniciar, de forma organizada, responsável, esse debate com as forças políticas. Queremos formar uma aliança de centro, centro-esquerda para governar o Rio Grande. Queremos fazer uma aliança com o PSB. Vejo Beto Albuquerque como um dos grandes nomes para o Senado... além do PSB, queremos ter o PR, com o (Giovani) Cherini, que tem total afinidade com o PDT; o PCdoB da Manuela d'Ávila, que é uma nova geração. Queremos também o PRB, com quem tenho relação há muito tempo. Com o Solidariedade... o Janta já foi inclusive parlamentar pelo PDT. O PPS também... e existem outros partidos que vamos procurar.
JC - E o PT?
Jairo - O PT e o PMDB são fortes e estruturados, e terão seus candidatos, o que é natural. Achamos que essa polarização entre chimangos e maragatos desde 1994, desde o final do governo (Alceu) Collares (PDT)... a política no Rio Grande do Sul ficou polarizada entre PMDB e PSDB de um lado, e o PT. O povo cansou dessa polarização.
JC - O que o PDT representaria nesse contexto?
Jairo - Acho que representamos uma alternativa a dois caminhos que nos levaram a um beco sem saída. Seja com PMDB e PSDB de um lado e PT de outro, o Estado não conseguiu sair de seus impasses. Não é com vencidos e vencedores que faremos o Rio Grande avançar. Precisamos trabalhar para garantir uma unidade, estabelecer uma pactuação, e não com esta política de querer derrotar o outro, seja empresário, seja trabalhador. Temos de buscar o que nos une, não o que nos divide. O PDT pode ser um partido que una as forças políticas por uma reforma radical no Estado. Eu sou um reformista, entendo que é preciso reformas estruturais no estado gaúcho.
JC - Em entrevista ao JC, o ex-secretário da Fazenda Aod Cunha (PSDB) disse que o senhor pode buscar um consenso entre as forças políticas do Estado.
Jairo - Acho que o Aod é uma das grandes cabeças do Estado e entrou para a história como um secretário que construiu um equilíbrio nas finanças públicas. O Rio Grande precisa de boas cabeças independentes dessas polarizações, que nos impedem de ouvir e buscar inteligências.
JC - O governo Sartori tem sido marcado por medidas de austeridade. Como avalia essas ações?
Jairo - Não tenho a ideia de que soluções são fáceis. Mas não adiantam soluções convencionais, e sim inovadoras. Isso exige uma inteligência no Estado, que busque o que deu certo em outros estados, e experiências internacionais para que possamos construir nossa própria experiência. O caminho é uma reestruturação do Estado. Temos de ter austeridade. Borges de Medeiros dizia "nenhuma despesa sem receita". É simples. Mas precisamos reestruturar o Estado no sentido de que a máquina seja feita para fazer. Hoje, é feita para não fazer. Precisamos de um Estado modernizado e que esteja a serviço do cidadão. Ele não entrega educação de qualidade, saúde resolutiva e segurança efetiva. Não é só cortando - e aí é uma opinião diferente do governo Sartori. Foram tardias as mudanças que ele desenhou, e insuficientes.
JC - Faltou planejamento?
Jairo - Cabe ao governador dizer isso. Não seria nem cortês da minha parte. Cada um fez o que pôde, deu o melhor; mas, a partir dessas experiências, erros e acertos, temos de olhar para a frente. Defendo a reestruturação do Estado. Mas defendo também a questão do desenvolvimento. Para o Rio Grande crescer, é preciso enfrentar a burocracia. Quando se leva 900 dias para conceder um licenciamento ambiental para uma grande empresa se instalar no Rio Grande do Sul, e em Santa Catarina são 90 dias, de que lado do Mampituba o empresário vai ficar? É preciso um grande esforço para que possamos efetivamente ser um lugar em que os empreendedores de fora do Estado nos vejam como alternativa. Por fim, eu defendo parcerias público-privadas que nos permitam enfrentar gargalos de infraestrutura, logística, a questão da energia, e comunicações. Promover essas cinco questões: servir ao cidadão com educação, saúde e segurança; promover o crescimento, desburocratizando; e incentivar as PPPs. É um modelo efetivamente para começar a sair desse círculo vicioso e buscarmos um círculo virtuoso.
Jornal do Comércio (http://jcrs.uol.com.br/_conteudo/2017/10/politica/588693-pdt-deve-priorizar-alianca-com-psb-diz-jairo.html)